terça-feira, 24 de abril de 2012

Entrevista Renovadora com Pr Caudio Pinto!

          Hoje estamos inaugurando no blog, uma via de entrevistas com pastores, teólogos e pensadores livres, de certa maneira inconformados com os rumos da igreja no Brasil, mas esperançosos em uma mudança de mente daqueles que amam a Deus capaz de influenciar pessoas, famílias e a sociedade em que vivemos trazendo mais tolerância, amor e piedade frutos do amor do Pai e da graça de seu Filho.
          A primeira entrevista foi realizada com o Claudio Pinto, Pr da Igreja Cristã da Família, que gentilmente atendeu nosso convite e respondeu de forma pessoal e esclarecedora à questões pertinentes ao Reino. Segue abaixo a entrevista:


Leonardo – Você enxerga a possibilidade de uma grande reforma no cristianismo brasileiro?
Claudio Pinto – Pelo rumo que as coisas estão tomando e pela reação recente e pouco equilibrada dos líderes que teriam voz, representatividade e credibilidade para se posicionar em resposta aos exageros e desvios doutrinários atuais, infelizmente não enxergo nenhuma possibilidade em curto prazo. Creio que seria preciso antes um mover do tipo de uma grande perseguição da igreja, para que todos tivessem que, sob ameaça, parar, pensar e se unir em torno do bem e de uma causa comum, se recompondo espiritualmente. Para que haja uma grande reforma na igreja cristã brasileira, seria preciso realmente antes haver um grande abalo ou comoção para que a comodidade de todos fosse ameaçada. Teria que primeiro ocorrer um fato novo que forçasse a unidade, quebrando o orgulho e pondo em risco os interesses pessoais e particulares, para que a igreja fosse repensada como instituição e tivesse suas doutrinas e seus caminhos restabelecidos na rota certa.
  
Leonardo  Por que é tão difícil, em sua opinião, afastar-se da ideia de um Deus 100% provedor? 
Claudio Pinto  – A ideia de um Deus provedor do qual todos fossemos totalmente dependentes, a meu ver é boa. O problema é que o neopentecostalismo fez da chamada provisão para as carências diárias, a base da doutrina da determinação ou da prosperidade, que leva o crente atual a buscar de Deus riquezas e bem estar, os quais a Bíblia não anuncia aos seguidores de Jesus. Hoje quando se fala em Jeová-Jiré se pensa em riquezas, regalo e abundância de bens materiais e não em simples provisão.
Para um povo adestrado a se considerar como filhos do rei, e, portanto, com direitos adquiridos para ter o melhor desta vida, é muito difícil reintroduzir a orientação bíblica de que tendo com que nos cobrirmos e nos vestirmos nos demos por satisfeitos. Muitos alegam que vivem pela fé, ou seja, no “compre que o Senhor proverá os meios para pagamento”, como é dito, soltam um cheque sem fundo pela fé, e o gerente do banco o devolve por falta de fé. Essas práticas ensinadas hoje por algumas denominações tornam difícil a ideia de se afastar de um Deus que seja 100% provedor, não no espiritual, mas na vida material.         

Leonardo  – A operação de milagres nestas igrejas pentecostais dificulta a compreensão de Deus?
Claudio Pinto  – Sem dúvida alguma. Jesus veio anunciar o arrependimento, pois era chegado o Reino de Deus, trazendo a libertação dos cativos e abrindo a porta de prisão aos presos. Essa boa nova tinha como consequência a vida eterna aos que cressem. Como muitos queriam ver o Reino, Jesus curava e libertava a muitos para mostrar que o Reino chegava com poder e virtude. Porém, muitos passaram a fazer desses sinais a essência do Evangelho de Jesus. Quantos viram Jesus operar milagres e quantos seguiram Jesus ao final? Na verdade, os enfermos se contentavam em receber a cura sem entender em absoluto o que aquilo significava. Poucos foram como o leproso, que, curado, voltou para buscar a Jesus e dar glória a Deus pelo milagre recebido. Se o propósito de Jesus fosse o de curar doentes, ele estaria até hoje, trabalhando em tempo integral na Terra tendo uma imensidão de seguidores em busca da cura e provavelmente tendo pouquíssimo tempo para anunciar as verdades do Evangelho. A cura do corpo deve proporcionar a cura da alma, para que esta em plena sanidade possa ter os olhos do entendimento abertos para que possa chegar à salvação e à vida eterna. Os milagres sem entendimento produzem seguidores dependentes e não discípulos atuantes.         
  
Leonardo  – Qual deve ser o maior objetivo do cristão: céu ou caráter?
Claudio Pinto  – Na verdade, eu não colocaria apenas essas duas opções como sendo as mais importantes nos objetivos do cristão. Mas nos atendo somente a ambas, creio que quem quiser alcançar o céu, sem dúvida deve antes passar por um tratamento de caráter que inclui: o novo nascimento, o ser uma nova criatura e a posterior transformação da mente e do espírito dos sentidos, para que possa alcançar vida eterna. O Evangelho de Jesus é em verdade transformador, por isso começa por conclamar ao arrependimento, para uma mudança de vida e de atitudes por parte daquele que almeja o céu. Todo o crente almeja um dia chegar ao céu e à eternidade, sem dúvida, mas tudo começa com a mudança de caráter da velha criatura para a nova que é formada em verdadeira justiça e santidade. Daí se pode concluir que se o mais importante objetivo é o céu, chegaremos a ele através do nosso caráter renovado, que não seria o maior objetivo, mas um desafio tremendo a ser enfrentado e vencido em uma vida piedosa e de santidade.      

Leonardo  – Qual seria o seu ideal de comunidade evangélica?
Claudio Pinto  – Em nossa igreja temos como Missão o “formar uma comunidade acolhedora e alegre, com famílias ordenadas e vidas integradas, em relacionamentos construtivos”, dentre outros tópicos. Dentro dessa visão, creio que algo importantíssimo em uma comunidade cristã seria a plena comunhão entre seus membros, pois, através de um bom relacionamento interno, teríamos ocasião de suprir as nossas necessidades domésticas e ainda traçar planos mais abrangentes objetivando alcançar e envolver a sociedade externamente, com o intuito de transformá-la. Uma comunidade evangélica ideal, a meu ver, deve ter como objetivo, além de tentar alcançar tudo aquilo que a Bíblia recomenda no âmbito espiritual, o firme propósito de transformação da sociedade, através de ações que a sensibilizem, não sendo vista como um organismo estranho ao meio dela, mas como uma instituição propícia e frutuosa plantada em benefício de todos na localidade. Uma igreja espiritual e com ações sociais seria, a meu ver, a ideal.            

Leonardo  – Qual a sua esperança a respeito do envolvimento da igreja com o estado nos próximos anos?
Claudio Pinto  – Historicamente o envolvimento estado-igreja tem se mostrado nefasto. Além disso, a fama dos políticos no Brasil está muito prejudicada, o mesmo ocorrendo também com muitos líderes religiosos, até mesmo pelo contato que exercem hoje. Para esse trato ser frutífero, precisaríamos antes de um avivamento verdadeiro e de uma renovação espiritual na igreja atual, a qual, pelas virtudes do Espírito Santo, pudesse influenciar de início a vida de muitos de seus ministros, em especial os com vocação pública, e estes, sendo renovados no espírito, poderem alterar a vida e os costumes seculares, trazendo benefícios de caráter moral ao estado, à política e a toda a nação.  Confesso, porém, que diante do quadro atual no qual os evangélicos, via de regra, entram na política e ao invés de alterar os costumes e influenciar nas práticas vigentes no meio, melhorando os relacionamentos e as ações praticadas, acabam eles por se converterem a políticos, e isto no sentido mais nefasto da palavra, muitas vezes se descredibilizando e envolvendo a fé.  No atual modelo praticado por ambas as partes, igreja e estado, tenho que revelar que a minha esperança neste envolvimento não só é mínima como é pessimista, mas pela fé creio que Deus é poderoso para mudar as coisas para melhor, desde que nós estejamos na mesma disposição de sermos mudados. Como diz Frank Durek: “O homem não resiste a mudanças, mas resiste a ser mudado”.
          Espero seu comentário, crítica ou sugestão a respeito dos assuntos abordados. Sua contribuição é muito importante! Em breve uma nova entrevista!

Paz e prosperidade a todos!

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