quinta-feira, 3 de maio de 2012

A partida de um carpinteiro


          Quais foram os momentos decisivos da vida de Jesus? Pensamos na festa de casamento em Caná da Galiléia, em seu martírio psicológico no Monte das Oliveiras, e quem sabe no episódio do Sermão da Montanha. Mas posso eleger um momento crucial e apaixonante que, embora, não esteja registrado em livros históricos, está permitido em nossa imaginação.
          Eu posso quase viver este momento com Ele. Quando ele viveu seu último dia de trabalho na carpintaria de seu pai. Ele já conhecia sua missão e o que se esperava dele. Mas naquele dia, ele pediu para fechar a oficina e dispensou os outros funcionários. Ele queria estar sozinho. Era a sua despedida de uma vida tão tranquila e segura. Poder estar com a família, aprender e exercer a profissão de seu "pai" José, ajudar a criar seus irmãos era uma vida certamente sob controle e feliz para Jesus. 
          Mas isto não era absolutamente da natureza de Jesus, porque já havia escolhido viver e morrer por outros e a sacrificar condições seguras. Naquele dia, ele com certeza andou pela oficina, pegou o martelo e bateu levemente contra a palma de sua mão com os olhos longínquos e as lembranças do uso desta ferramenta. Pegou o cerrote, e passou os dedos quase que imperceptivelmente pelas lâminas, e se apoiou no cavalete olhando tudo aquilo. 
          Sentou naquele antigo banquinho, respirou fundo, muito fundo e se emocionou com aquelas lembranças dos ensinos do seu pai, de sua mãe trazendo suas refeições, de seus irmãos lhe pedindo coisas, eram muitas sensações. Aquele lugar tinha sido palco de muito aprendizado e de alguém que já havia vivido tempo suficiente para entender que a liberdade devia ser concedida a todos. Que viver com Deus, ser ligado novamente ao Pai era tudo que todas as pessoas que estiveram em contato com Ele precisavam, mesmo desconhecendo isto.
          Sua humanidade o amedrontava, mas sua divindade o fazia me enxergar. Ele não via sua morte, mas via a minha vida. Não sentia a dor que lhe seria causada, mas a alegria que bilhões sentiriam por de novo terem condições de viver com vida e poderem sonhar e acreditar que nossa existência é livre e, portanto, sem prisões do espírito ou cativeiros da mente.
          Por mais que as sensações florescessem naquele momento, negociando seu futuro com a oferta de uma vida tranquila com paz, amor e fraternidade, Ele já havia decidido por nós. Levantou-se daquele banco, apagou o fogo que iluminava aquela oficina, fechou aquela porta e correu com todas as suas forças, até se esgotar todo o seu suor e sangue porque queria nos encontrar.

Paz e prosperidade a todos!

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